As Rebeliões
Guilherme o Ruivo não hesita em distribuir o tesouro real às igrejas e xerifes dos condados, e escolhe comprar os serviços de conselheiro de Guilherme de Saint-Calais, bispo de Durham. Rapidamente, ganha o apoio da Igreja e dos barões anglo-normandos. Comete então um erro: entregar ao seu tio Odo, libertado da prisão por um moribundo Guilherme I, as suas posses na Inglaterra. Pouco agradecido, Odo organiza uma conspiração para unir a Normandia e a Inglaterra sob o único governo de seu sobrinho Roberto Courteheuse. A obrigação de obedecer a dois suseranos diferentes, e ainda por cima inimigos, colocava problemas de lealdade nos aristocratas anglo-normandos. Odo reuniu à sua volta grandes barões do reino, tais como Rogério II de Montgommery, Geoffroy de Montbray e Roberto de Mortain. Os rebeldes fortificaram os castelos de Rochester, Pevensey e Tonbridge. Na primavera de 1088, lançaram uma campanha militar saqueando terras do rei e de seus aliados, e aguardam o desembarque do duque Roberto. Mas este demora a embarcar, e Guilherme o Ruivo aproveita para mobilizar todas as forças disponíveis, e responde em triplicado.Primeiro tenta dividir os seus adversários mostrando-se pronto para recompensar quem abandonar a conspiração. Rogério de Montgommery é o primeiro a aceitar. Depois, Guilherme promete ao povo inglês, no geral, restaurar as melhores leis que já conhecera, de abolir os impostos injustos e de reconsiderar os direitos à caça[5]. Finalmente ele passa à ação militar sitiando e tomando os castelos rebeldes. A partir do fim do mês de julho, a rebelião é esmagada. O rei decide perdoar os rebeldes de forma maciça, à exceção de Odo de Bayeux, que é banido do reino. Após o conflito, ele tem de resolver o caso de Guilherme de Saint-Calais, o seu principal conselheiro que o abandonara durante a rebelião, e que se refugiara em Durham. Segue-se um debate entre o rei e o rebelde para saber se ele deveria ser julgado segundo as leis feudais ou como bispo segundo as leis canônicas. Finalmente, o rei decide retirar as posses do bispo e baní-lo do reino. Com a ordem restabelecida no seu reino, é-lhe permitido recompensar os seus principais apoiantes na revolta. Henrique de Beaumont recebe o título de conde de Warwick, Guilherme de Warenne recebe o título de conde de Surrey, e Roberto FitzHamon recebe a honra de Gloucester.
Após a derrota da rebelião, as relações entre os dois irmãos ficaram ainda mais tensas. Henrique, o irmão mais novo, decidido a herdar de pelo menos um dos dois irmãos, tenta tirar alguma vantagem da situação. A sua preferência vai para Guilherme, mas o fraco e dispendioso Roberto é o mais fácil de explorar. Assim, em 1087-1088 ele compra, com o dinheiro da herança, Avranchin e Cotentin. Por seu lado, Guilherme o Ruivo compra os serviços dos vassalos de Roberto Courteheuse e prepara a invasão da Normandia. No decorrer do verão de 1090, já corrompeu a maioria dos barões da Alta Normandia, com fiéis centralizados em Eu.[8]. A situação no ducado começa a deteriorar-se, e apoiantes do rei iniciam uma revolta em Rouen, a capital. Henrique aproveita para se aproximar de Roberto indo ao seu socorro, e a revolta em Rouen é eliminada sem que Guilherme pudesse entrar em ação