Gestão do Reino
O governo de Guilherme o Ruivo é essencialmente a continuação da política de seu pai. Consolida a maior parte das estruturas que o seu pai improvisara e que colocara rapidamente de pé após a conquista normanda da Inglaterra. Por uma lado retoma os tradicionais poderes dos reis anglo-saxões, anterior à conquista normanda. E de outro lado, a importação do feudalismo normando assegura-lhe um melhor controlo sobre a nobreza, pois permite-lhe intervir na sucessão das honras. O poder real alarga-se em direções por vezes impopulares tais como por exemplo a constituição de florestas reais (notavelmente o New Forest). A sua presença quase contínua no reino (até 1096) é igualmente uma novidade à qual a sua administração, barões e Igreja não estão habituados.Nos primeiros anos a sua principal preocupação é a proteção das fronteiras. Em 1091 luta contra os escoceses e os galeses (irá combater novamente os galeses em 1095 e 1097) e anexa Cúmbria em 1092. Em 1091, antes de os dois exércitos se confrontarem, obtém a paz dos escoceses, e entende-se com Malcolm III da Escócia para que as relações dos dois reinos sejam idênticas às do tempo do Conquistador. Assim, Malcolm faz uma homenagem condicional a Guilherme o Ruivo e jura-lhe fidelidade. Em troca recebe o condado de Huntingdon, que já possuíra antes de 1087. Com a sua morte em 1093, Guilherme toma partido pelos filhos de Malcolm quando é o seu irmão Donald III que subiu ao trono. E é o seu protegido Edgar I que toma o controlo do reino. Também este irá reconhecer Guilherme como seu suserano. As campanhas militares no reino e em Normandia custam bastante dinheiro, principalmente à Igreja. Sob o seu reinado, a Torre de Londres foi concluída, e manda construir o grande hall do Palácio de Westminster.
Em março de 1093, Guilherme o Ruivo fica subitamente doente quando se encontrava no País de Gales. É repatriado para Gloucester e ali fica durante toda a Páscoa. Imagina então estar a morrer, e confessa-se a Anselmo, abade de Notre-Dame du Bec. Promete mudar de vida e de começar com uma série de reformas no reino. Libera todos os seus prisioneiros e anula as dívidas. Obriga Anselmo a ser arcebispo de Cantuária, lugar vago desde a morte em 1089 de Lanfranco de Cantuária, e faz doações nos mosteiros. Segundo Frank Barlow, é também possível que Anselmo o tenha feito prometido casar-se. Assim que recupera a saúde, Guilherme planeia casar com Edite da Escócia, filha de Malcolm III, então com doze anos de idade. Visita-a na abadia onde é educada, mas a abadessa convence-o de que ela teria seguido votos, e ele renuncia ao casamento. No outono do mesmo ano, Malcolm III invade a Inglaterra, mas cai numa armadilha e é morto por Roberto de Montbray, conde de Nortúmbria.
Em janeiro de 1095 Guilherme o Ruivo volta para a Inglaterra, depois de gastar muito dinheiro na Normandia com muito pouco resultado. Na sua ausência, uma revolta generalizada no País de Gales levou a que os senhores normandos perdessem o controlo de grande parte dos territórios conquistados. Guilherme descobre também uma conspiração para substituí-lo no trono pelo seu primo Étienne d'Aumale, sobrinho de Guilherme o Conquistador. No verão de 1095 o rei lidera um exército em Nortúmbria para sitiar o castelo do instigador da conspiração: Roberto de Montbray. Após a queda de Newscastle, obriga-o a refugiar-se na fortaleza de Bamburgo. Deixa aos seus tenentes a continuação do cerco e parte para o País de Gales, onde a situação piorava: os galeses tomaram Montgomery, o castelo do conde de Shrewsbury Hugo de Montgommery. Em novembro, tiveram lugar vários combates, mas os galeses não abandonavam a luta. Entretanto, Roberto de Montbray, sitiado no priorado de Tynemouth, rende-se. Ao contrário do que acontecera em 1088, desta vez os rebeldes são duramente punidos. Inicia-se um processo por traição em Salisbúria, no local de Sorvioduno. Roberto de Montbray fica preso para o resto da sua vida, o conde Guilherme d'Eu perde um duelo judicial e morre das feridas, depois de ser castrado. Vários outros são mutilados, presos, banidos ou tiveram de pagar pesadas indemnizações.
Em fevereiro de 1096 Roberto Courteheuse segue para uma cruzada. Um legado papal negocia um acordo entre Guilherme e o duque da Normandia. Guilherme paga 10000 marcos em dinheiro para a guarda e rendas do ducado por um período de três anos. O investimento representa menos de um quarto das rendas anuais do reino. Ainda para mais, Roberto poderá não regressar vivo da cruzada. Segundo o acordo, o seu irmão Henrique fica com Cotentin, Avranchin e Bessin (exceto as cidades de Caen e Bayeux) como apanágio.